O professor
Certa vez um aluno perguntou
ao seu professor por que ele era tão exigente em suas aulas.
O professor fez um breve
momento de reflexão, e, após uns poucos instantes, devolveu a pergunta ao
aluno:
Por que você é tão
questionador em nossas aulas?
Dessa vez, foi o aluno que
fez uma pequena pausa para responder. Mas bem decidido, respondeu ao seu
professor:
Ah! Professor, talvez porque
aprendi que uma pessoa que faz perguntas aprende mais.
E você se considera um aluno
que tem sempre aprendido um pouco mais – pergunta-lhe o professor.
Talvez sim, professor. Penso
que todos os dias tenho aprendido um pouco mais.
Muito bem, e a quem ou a que
você atribui o seu sucesso na escola?
Ah! Primeiramente, ao
incentivo de meus pais e a implicância deles comigo para que todos os dias eu
vá à escola. Depois, porque, apesar de muitas vezes ficar zangado com eles por
essa insistência de eu ir à escola, entendi que é na escola que eu posso pensar
em ter um futuro profissional de sucesso.
Percebe-se que você é um
garoto inteligente e que formula bem o seu pensamento. Você fala muito bem,
sabia?
Ah! Obrigado professor!
Você gosta de ler?
Se gosto de ler...!? Eu
devoro livros!
E qual a disciplina de que mais
você gosta?
Professor, não sei dizer
exatamente, mas de uma coisa eu sei: quando me sinto desafiado, aí eu dou tudo
de mim e, ainda que eu não goste muito da disciplina, e não vá muito com a cara
do professor, eu tento mostrar, primeiramente para mim, que sou capaz de sempre
ir mais além. Depois, para que os outros também reconheçam o meu valor. Se
outros conseguiram, por que eu não posso também conseguir?
Meu rapaz, agora vou lhe
responder a sua pergunta inicial: por que sou tão exigente em minhas aulas.
Primeiro, porque acredito no
potencial de meus alunos. Segundo, porque tenho compromisso com a educação de
minha gente, pois também sou o responsável direto ou indireto pelo sucesso ou
fracasso desta nação. De modo, que, acreditando em meu aluno e cobrando dele
sua responsabilidade, não somente contribuo para o seu progresso, como também
estou contribuindo para o desenvolvimento do país. Afinal, você hoje de 13,
14, 15 anos de idade, de uma maneira ou de outra, é quem vai conduzir esse imenso país
daqui a alguns anos. Se até lá, você estiver bem preparado, talvez tenhamos um
nação ordeira, sustentável e progressista.
Poxa, professor! Assim o
senhor está colocando uma carga muito pesada sobre nossos ombros. Veja, só
tenho 13 anos. Não tenho que ficar me preocupando com coisas de adultos...
De fato, meu pequeno
jovem... – interrompe o professor – hoje, a responsabilidade é nossa: nós, que
fazemos a sua escola, seus pais, os adultos de hoje. Cabe a nós esta honrosa
missão, muitas vezes árdua, de ensinar as nossas crianças e adolescentes
valores éticos e morais que os ajudem a crescer com dignidade e respeito, para
que, no futuro, possam dirigir essa nação com hombridade.
“Hom bri da de”! Que palavra
é essa, professor?
Hombridade significa:
Dignidade,
nobreza de caráter..., Altivez louvável.
É, professor, é difícil para nós, entender
tudo isso. Afinal, o que queremos mesmo é ser livres. Ter o direito de
escolhas. Ser o dono de nossas ações. Por outro lado, reconhecemos que tudo o
que fizermos agora vai refletir em nossa vida mais à frente.
Meu caro menino, você agora
falou como pessoa adulta! Talvez assim agora fique mais fácil para que eu possa fazer que
você e seus colegas aqui presentes possam entender o porquê de nossa exigência.
Ainda que hoje o aluno nos ache “chatos”, nossa esperança é que no futuro ele
possa compreender o porquê de tudo isso.
Ei professor, esse porquê
que o senhor usou é junto e com acento, não é isso?
Muito bem, Romualdo, acertou
na mosca!
E a aula prossegue...
Rivaldo Neri – graduado em
Letras, com pós-graduação em Docência do Ensino Superior, professor da
Secretaria de Educação do Distrito Federal e cursando o 10º semestre do curso
de Psicologia. Exerceu a profissão de radialista de
1985 a 2000.
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